A perda gestacional continua sendo, para muitas mulheres, um luto invisível. Invisível não porque a dor não exista, mas porque, frequentemente, ela não é reconhecida socialmente como legítima.
Por isso, tantas mulheres atravessam esse processo em silêncio:
- Sentindo-se sozinhas
- Sem apoio
- Sem escuta
- E, muitas vezes, sem permissão para viver plenamente aquilo que sentem
Frases que silenciam e invalidam a dor
Quando a perda acontece ainda no início da gestação, é comum que os sentimentos de tristeza e luto sejam invalidados por frases como:
“Ainda bem que foi no começo.”
“Logo você engravida de novo.”
“Deus sabe o que faz.”
Essas frases, mesmo ditas com boa intenção, reforçam um ciclo de silenciamento e solidão.
Elas ignoram o vínculo já existente com o bebê e todo o universo de sonhos e expectativas que se forma desde o início da gestação.
O que significa perder um bebê na gestação
Perder um bebê, mesmo que ainda no útero, é perder uma história que começava a ser escrita.
É natural, humano e profundamente legítimo sentir:
- Dor
- Tristeza
- Raiva
- Confusão
- Culpa
Cada mulher viverá esse luto de forma única, com seus tempos e intensidades.
E tudo isso precisa de espaço, escuta e acolhimento verdadeiro.
Como acolher uma mulher em luto gestacional
Acolher alguém que passou por uma perda gestacional não exige grandes discursos.
Na maioria das vezes, o que mais ajuda é:
- Estar presente
- Ouvir sem julgamentos
- Validar o sofrimento
Frases simples que fazem diferença:
“Sinto muito pela sua perda.”
“Se quiser conversar, estou aqui.”
“Você não está sozinha.”
Essas palavras não minimizam a dor — elas reconhecem o sofrimento e abrem espaço para que ele seja expresso com segurança.
O Dia Nacional do Luto já passou, mas a reflexão continua
O Dia Nacional do Luto, celebrado recentemente, trouxe à tona a importância de reconhecer todos os tipos de perda, inclusive aquelas que não ganham rituais ou despedidas formais, como o luto gestacional.
Mas essa conversa não deve se limitar a uma data.
Ela precisa continuar todos os dias.
Como sociedade, precisamos:
- Escutar com empatia
- Validar histórias não contadas
- Respeitar os lutos silenciosos
Conclusão: o luto gestacional importa, e merece ser acolhido
A perda gestacional não é menor, mesmo que muitas vezes o mundo insista em invisibilizá-la.
O vínculo existia. Os sonhos também. E a dor, certamente, também existe.
Se você passou por isso, ou conhece alguém que passou, lembre-se:
Você não está sozinha.
Sua dor é válida.
E você merece ser ouvida com respeito, presença e cuidado.
Conheça a Dra. Adriana Gonzalez Bueno: Psiquiatra com Foco em Saúde Mental Perinatal

Dra. Adriana Gonzalez Bueno, CRM 176603 | RQE 79903
Médica psiquiatra formada pela Escola Paulista de Medicina (UNIFESP), com especializações em Terapia Cognitivo-Comportamental (CETCC) e Dependência Química (UNIAD/UNIFESP). Atua com foco em saúde mental perinatal, acolhendo mulheres em diferentes fases da maternidade.
Criadora do projeto Enxoval Emocional, oferece informação, orientação e suporte emocional com escuta empática e acolhedora. Acredita que a saúde mental é parte essencial da jornada materna, e oferece um espaço seguro para que mulheres se reconheçam e se fortaleçam.
Além da atuação com mulheres, atende pacientes adultos de todos os perfis. Realiza atendimentos presenciais em São Paulo, Presidente Prudente e online para todo o Brasil.
Acompanhe a profissional em suas mídias sociais clicando aqui.
Você também pode se interessar por esses artigos:
Dia das Mães com mais carinho por você: 5 formas reais de autocuidado
Maio Furta-Cor: Os Muitos Tons da Maternidade e a Urgência de Cuidar da Saúde Mental Materna