Esquecimento e Distração na Gravidez: Entenda o Baby Brain

Durante a gestação, é comum que muitas mulheres relatem lapsos de memória, dificuldade de concentração e certa “névoa mental”. Apesar de muitas vezes encarada com bom humor, o famoso “gestonta”, essa percepção tem fundamento científico.

A gravidez transforma o corpo, mas também transforma o cérebro

Um estudo conduzido pela Universidade de Barcelona, publicado na Nature Neuroscience, demonstrou que a gestação provoca alterações significativas no cérebro da mulher. Os pesquisadores identificaram uma redução na massa cinzenta em regiões específicas associadas à cognição social. Essa mudança não significa uma perda, mas uma especialização funcional. Ou seja, o cérebro se adapta para favorecer os vínculos afetivos, a empatia e a sensibilidade às necessidades do bebê.

Essas transformações têm uma função clara: preparar a mãe para cuidar

Essa “reorganização cerebral” torna a mulher mais atenta a sinais sutis do bebê e mais sensível a possíveis ameaças no ambiente. É uma espécie de refinamento emocional e perceptivo, um preparo instintivo para a complexidade da maternidade.

Impacto hormonal e emocional

Ao mesmo tempo, o aumento de hormônios como a progesterona e o estrogênio pode impactar temporariamente áreas ligadas à atenção, memória de trabalho e foco. Soma-se a isso a carga emocional da gestação, as alterações no padrão de sono e as preocupações típicas dessa fase, e temos um terreno fértil para momentos de distração e esquecimentos.

Mas calma: tudo isso é passageiro e faz parte de uma adaptação natural

Na maioria das vezes, essas alterações cognitivas são leves e transitórias, melhorando ao longo da gestação e principalmente após o parto. Não há motivo para alarme, mas sim para compreensão e acolhimento.

Algumas estratégias podem ajudar

  • Manter uma rotina organizada com lembretes e listas visuais
  • Praticar exercícios físicos com liberação médica
  • Priorizar o sono sempre que possível
  • Meditar ou buscar momentos de silêncio e presença
  • Falar sobre essas mudanças e não se cobrar em excesso

É fundamental lembrar que cada gestação é única

Nem todas as mulheres percebem essas alterações da mesma forma, e a intensidade pode variar bastante. O mais importante é que a experiência da gestante seja respeitada, validada e apoiada.

Cuidar da saúde mental é cuidar da maternidade desde o início

A atenção emocional durante a gravidez deve ser parte do pré-natal. Mais do que entender o que é o baby brain, é essencial criar espaços onde as mulheres possam se sentir seguras, compreendidas e cuidadas em sua totalidade.

🩷 Esse artigo foi escrito por: Dra. Adriana Gonzalez Bueno

Conheça a Dra. Adriana Gonzalez Bueno: Psiquiatra com Foco em Saúde Mental Perinatal

Dra. Adriana Gonzalez Bueno é médica psiquiatra formada pela Escola Paulista de Medicina (UNIFESP), com especializações em Terapia Cognitivo-Comportamental e Dependência Química. Com foco em saúde mental perinatal, acolhe mulheres em diferentes fases da maternidade e é criadora do projeto Enxoval Emocional, oferecendo orientação, informação e suporte emocional com escuta empática.

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